quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Sobre hoje

(Porque isto aqui também deve servir pra eu ser o centro das atenções de vez em quando.)

Um telefonema inusitado no meio da madrugada, uma caixa postal que me fez o favor de repetir umas cinquenta vezes que minha chamada estava sendo transferida, e um dia inteiro perturbado.

Consegui segurar o choro (da maneira mais porca possível) até ficar "sozinha" no banheiro da faculdade. Chorar no trabalho, ou no ônibus sempre geram um "Por que tá chorando menina?" e essa pergunta geralmente gera ainda mais choro (ou um "vai tomar no cu!"). Saindo dali, todo mundo me olhava com uma expressão de "Por que tá chorando menina?" e de repente, eu OUVI a frase. Por um momento quis dizer a mim mesma que estava fantasiando, que a minha neurose chegou ao ponto de me causar "alucinações sonoras petulantes". Num gesto quase suicida resolvi olhar para trás, e havia mesmo alguém me perguntando aquilo. Pensei em fingir que perdi a voz no carnaval, em pular pela janela mais próxima, em simular um desmaio ou em sair gritando "hakuna matata" e balançando as pernas e os braços pelo corredor afora, mas tudo que consegui foi multiplicar as lágrimas e dizer: "Até onde a gente tem que aguentar?". A cara da figura se transformou num ponto de interrogação. Talvez minha frase tenha causado tanto espanto quanto causariam os gritos de "hakuna matata". Tudo bem, pelo menos o efeito foi o esperado. Não me dei ao trabalho de esclarecer mais nada, não há nada claro nem pra mim mesma. Saí andando e tirando logo uma cartelinha de dentro da bolsa, os calmantes têm marcado forte presença ultimamente, eles voltaram à luta contra a ansiedade, hoje tiveram como aliados os cigarros, esses já fazia tempo estavam fora de combate, então se enfraqueceram e tiveram que voltar ao montes.

Então, da saída do banheiro até o final deste texto passaram-se exatamente 42 minutos. A não ser as palavras adicionadas à minha página na internet, nada mudou. Até quando eu vou ter que aguentar?


*Hoje eu não me basto.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Brincar de ser feliz

“Durante essas noites nossas rezas envilecem e os corpos exigem gana, tornam-se receptáculos da aventura que guardamos nos bolsos durante todos os outros dias do ano.”


Finalmente passaram-se os 361 dias em que vivemos fantasiando com um emprego melhor, com um par ideal, com um chefe menos mal humorado, com mais tempo para a família, para o cachorro, para um banho de banheira, com mais dinheiro, mais segurança para andar de bicicleta, tomar sorvete, ver o sol nascer, com menos solidão.
Finalmente (e ainda bem) chegou fevereiro no país tropical e todas essas fantasias com as quais sonhamos, serão trocadas pela realidade que quisermos. Durante quatro dias poderemos ser colombinas, pierrôs, homem, mulher, marujo, rei, bruxa, galã de cinema, presidente. Mas o melhor é que todos seremos iguais. Se não tivermos dinheiro para beber champanhe ao lado das principais figuras da TV nos mais luxuosos camarotes das avenidas carnavalescas, iremos até às arquibancadas, ou às ruas, vamos todos nos amar e nos abraçar cantando as canções de alegria “infinita até quarta-feira”. O importante é que todos vivam suas realidades coloridas, que tenham a oportunidade de realizar sua manobra desesperada para fugir da solidão e da ilusão, que acreditem, pelo menos por quatro dias, no riso, na alegria e nos palhaços do salão.
Mas como “todo dia insiste em nascer, todo carnaval tem seu fim”, e assim, tudo acaba em cinzas. Os joão(s) ninguém voltam a ser, ou melhor, a não ser ninguém, os cobradores voltam às portas de seus devedores, o saldo volta a ser negativo, o brilho das roupas é apagado dentro das caixas ou gavetas deixando tudo um pouco mais escuro. Agora, não é mais possível se sentir sozinho no meio da multidão, a solidão então se manifesta em seu estado mais real, quando verdadeiramente não existe ninguém pulando, cantando e sorrindo ao seu lado, nem uma música muito alta ou alegre com o fundo composto por mil tambores e trompetes. E então a solução é guardar, de maneira segura, de volta em nossos bolsos, toda a sorte de aventuras que só podemos exercer nos alegóricos dias em que comemoramos a possibilidade de libertar aquele desejo que se encontra dentro de nós esperando o próximo fevereiro chegar para nos dar uma amostra do quanto pode nos fazer felizes.
E depois disso...
...A realidade idealizada se torna obsoleta da noite para o dia, já não é mais cabível ao cotidiano, e então, é preciso voltar a viver de fantasia.

*Escrito em 11 de junho de 2008



Este ano, parece que esse pavoroso feriado passou sem me causar maiores desgraças. Parece!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

"Tem uns amigos tocando comigo"

Nós vamos fazer muito sucesso, vamos ter carrões e viajar pelo mundo no nosso próprio jato, vamos cantar para multidões que se matariam por nós, vamos dizer que nos conhecemos na faculdade e fizemos nós mesmos a capa do nosso primeiro CD no photoshop, vamos morrer num quarto de hotel, de overdose de calmantes, aos 45 anos, afinal, não dá mais pra ser aos 27, eles já estão próximos demais.

A gravação do primeiro álbum já está para começar!

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Ainda há quem sonhe!

(20:42) Vi:
Então oque tem feito? =]

(20:43) Isabela:
perdi o emprego ontem, então tenho procurado um estágio
e você?

(20:45) Vi:
Tenho pensado em largar tudo pela quarta vez e seguir atrás dos meus sonhos...mas ultimante tenho um pouco de preguiça, sabe como é... quarta vez...

(20:46) Isabela:
sonhos? que sonhos? tão difícil encontrar pessoas que sonham
(20:47) Isabela:
as pessoas são tão desiludidas, tão desacreditadas, tão acomodadas, as coisas ruins acontecem e aí elas desistem de sonhar com medo de se frustrarem novamente

(20:49) Vi:
Ainda tem algumas que falam não possuir tempo.Nunca consegui entender direito oque o tempo tem a ver com isso... mas bem.
(20:50) Vi:
Meu sonho é me tornar um artista.Para contar historias de uma outra maneira.
Tu tem algum sonho? =]

(20:51) Isabela:
E qual é a maneira? E qual é arte? E quais são as histórias?
(20:51) Isabela:
Eu tenho tantos sonhos que as vezes me afogo neles e esqueço da vida real.

(20:53) Vi:
É.. não poderia falar que penso apenas em contar historias... coloque esse como o maior porque para que ele exista eu teria que viver todos os outros.E essas são as tais historias...

(21:03) Isabela:
e o que é o tudo do que vc tem que desistir?

(21:04) Vi:
Bem, uma vida estavel.
Como piloto.
(21:04) Vi:
Desenhar e contar historia não é algo muito valorizado.

(21:05) Isabela:
piloto de que?

(21:07) Vi:
Piloto de avião...um dos outros sonhos é viajar por ai procurando algo que não faço ideia do que.

(21:07) Isabela:
ah, muito bom. muito bom!
viajar por aí... no segundo semestre estou indo pro chile. e largando tudo.
curso, emprego (se ele existir), família e etc.só eu e uma mochila.
(21:08) Isabela:
faz parte dos meus sonhos.
(21:10) Isabela:
mas é só por um tempo, a verdade é que não tenho essa coragem de largar tudo de verdade

(21:11) Vi:
Coragem eu atê tenho, mas não é uma questão de coragem... eu simplesmente não quero.

(21:13) Isabela:
levando-se em consideração que ainda lhe resta muito tempo de vida, não querer agora é prudente, só não desista

(21:19) Vi:
Prudente é uma palavra que me aprisiona um tanto!mas bem, serei prudente então!

(21:22) Isabela:
(infelizmente) agente aprende que não dá pra não ser prudente, que a gente só vai ser feliz, realizado e até sauda´vel se levarmos a vida com prudência. talvez seja mesmo assim, a gente só vai saber depois que chegar lá, e se não for verdade, talvez a gente ainda tenha tempo de jogar a prudência pro alto e fazer tudo o que sempre quis

(21:26) Vi:
Esse é o ponto. As vezes sonho que estou conversando comigo mesmo, só que mais velho.
ouvindo apenas, oque digo é apenas para não ser prudente, jogar tudo para o alto e viver apenas com minha consciencia limpa.

(21:29) Isabela:
é, as vezes dá um pouco de medo desafiar tudo o que todo mundo sobre como levar a vida. mas talvez o peso de não ter se arriscado, no futuro, seja pior do que o peso do fracasso por ter tentado. eu gosto de acreditar que é possível se fazer o que quer, sendo 'prudente'.
que jogar tudo pro alto não significa necessariamente, fazer um monte de coisa errada, que só porque não é o usual não significa que será feito de maneira errada
(21:30) Isabela:
talvez vc consiga ser piloto e desenhista, talvez eu consiga ser mãe e mochileira

(21:32) Vi:
Mas nem chego a pensar em certo ou errado.Atê porque não existe bem isso de certo ou errado, apenas um pensamento por de trás a ação.na minha opnião claro.

(21:38) Vi:
mas tu, vai sair de mochila apenas... com um porque?

(21:38) Isabela:
vou sair de mochila apenas, sem um porque.
quero conhecer o mundo, o tempo tá passando, daqui a pouco eu tenho compromissos demais aui para poder deixá-los pra trás

[...]


(21:49) Isabela:
e hoje, o que faz?

(21:50) Vi:
Hoje tenho vontade de jogar minha vida para o alto. hahaha
(21:50) Vi:
e você, oque faz hoje?


(21:54) Isabela:
além de sonhar
jornalismo só
(21:55) Isabela:
e um pe´de meia pra poder viajar

(21:58) Vi:
Tenho que voltar a ter um logo.

(21:58) Isabela:
pra viajar? hahaha!

(22:00) Vi:
Exatamente! ^^hahaha

(22:00) Isabela:
vamos pro chile!

(22:04) Vi:
Sim, sim! Eu animo! =]

E foi assim, falando com alguém com quem não falava há tempos, que arrumei um companheiro de viagem, ou de sonhos, vai saber...