sábado, 20 de março de 2010

de casa nova

mudança de endereço. a vida por aqui foi muito boa, mas a poeira já começava a se acumular pela falta de reciclagem.

agora estamos em fabulosoxanadu.tumblr.com

adeus!

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Sobre os personagens reais da minha ficção

Hoje me lembrei muito de um menina com sardas dançando junto a uma cortina vermelha no ritmo do vento. A música no ar era sua risada e ela girava com os braços abertos entre os incontáveis metros de pano cor de pôr-do-sol, que voavam por todo os lados num tipo de tentativa de fuga pela janela. E ela não fazia aquilo para comemorar nada em especial. Dançava e gargalhava até cair no chão somente para que, no futuro, na minha lembrança, ela fosse a pessoa mais linda do mundo. Diante daquela cena, eu nao conseguia fazer mais nada além de admirar, com os olhos brilhando, à minha existência se tornando mais bela.

Tal cena me fez contorcer de saudade e o aperto no peito era tão grande que eu mal conseguia respirar cada vez que ouvia a risada da menina. A partir daí surgiram várias outras cenas com vários outros protagonistas, enquanto eu era a coadjuvante da minha vida.

Me lembrei de uma menina vestida de princesa. Ela comemorava seus quinze anos como se chegar até ali fosse mesmo o melhor dos presentes. E era. A intensidade com que ela levava a vida era tão grande que não combinava com seu vestido rosa claro; mas o que importava não era o vestido, era o seu sorriso, que existindo transformava em conto de fadas qualquer existênca ali presente. Mais alta do que todos os outros, ela recebia palmas. Ela merecia. Seus olhos mereciam, cada dente exposto naquele sorriso merecia. No meio daquela multidão em palmas e cantos, pela primeira vez, uma gargalhada me arrancou lágrimas de felicidade e naquele momento (e em muitos outros que viriam) ela era a personagem favorita da minha vida.

Logo depois me veio à mente um garoto, ele era pequeno e magro mas seus grandes olhos azuis eram mais do que suficientes pra tragar seu coração em apenas um olhar. Esse garoto sempre teve o dom de ler minha alma, e em uma dessas tentativas de me desencriptar, transformou para sempre minha vida em um clássico de François Truffaut. Era um corredor escuro, longe de qualquer barulho, cheiro ou reação humana. O garoto apareceu trazendo a quantidade de luz necessaria para que eu me mantesse acordada, mas não o suficiente para me ofuscar a visão; me olhou nos olhos como poucas pessoas têm coragem, abriu um sorriso completamente infantil e me perguntou o que eu estava lendo. Eu não poderia responder, a cena era dele. Apenas retribuí o olhar tentando dizer em silêncio 'por favor, permaneça'. Ele entendeu.

Entre tantas outras pessoas, sons, cheiros, caminhos e sensações, mais uma tarde ainda permanece na memória. Uma tarde dessas que parece ter acontecido em outra vida.

Me lembro que o clima estava ameno, situação incomum para quem vive entre os trópicos. A paisagem cinza misturava o bucólico com o urbano. E naquele dia em especial, o mundo decidiu sair dos meus planos. Me deixou ali, com uma companhia ímpar e mais nada, de uma maneira que quase me convencia que era possível passar o resto dos meus dias assim. Minha vontade de ser coadjuvante nunca foi tão grande. Eu só queria fechar os olhos e ouvir sobre a vida. Era como deixar um garoto diferente desenhar com palavras, como tudo seria dali pra frente. Era um garoto inédito, que me trazia a sensação de que se eu me encolhesse, caberia na palma de sua mão. Que me contava histórias e me apresentava mundos e que muitas vezes esperava uma reação, se esquecendo que reações são tarefas para protagonistas. Entre abraços que definiam o futuro, aceitei o papel.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Sobre antes...

Ela se virou e colocou o livro sobre a mesa. Ainda de costas comentou que gostou de lê-lo. Tornou a olhá-lo nos olhos, colocou um sorriso (in)conformado entre as lágrimas e disse 'eu te amo' pela primeira vez. Não sabia o que ouviria na sequência, então, por precaução, tratou de dar-lhe um beijo na testa e de passar logo por aquela porta.



*Texto escrito há muito tempo, achei no meio da papelada. Já não tem mais nada a ver com o contexto da vida, é só porque isso aqui está muito abandonado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Santa Chuva

Esse tempo de chuvas sempre me traz lembranças de outros anos. Dessas lembranças que você não sabe se fazem bem por causa do seu cheiro ou se causam dor por serem só saudade.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Para Lucas Plex

O Lucas Plex é o menino que volta de ônibus comigo da faculdade, quer dizer, que voltava, porque agora o Lucas Plex arrumou um emprego novo e vai ter que mudar de turno na faculdade, e eu vou ter que voltar sozinha.
Voltar sozinha não é bom. Eu não posso falar mal de ninguém da sala, não posso reclamar de nada (porque o Lucas Plex escutava todas as minha reclamações, e eu reclamo MUITO).
Inclusive, este post é uma reclamação. Uma reclamação por todas as pessoas que arrumam novos empregos, estudos, casas, namorados(as), filhos(as) ou seja lá o que for e nos deixam sozinhos no ônibus.
Te odeio porque vc me abandonou Lucas Plex! Mas enfim, boa sorte na nova vida. Eu vou ficar com saudade, mas não conte isso pra ninguém, porque eu sou durona.

domingo, 15 de novembro de 2009

Changing

"why not try it all?
if you'll only remember it once."

Se você não está feliz, mude.

Mude a cor do seu cabelo, e as suas roupas favoritas, mude seu xampu e seu sabonete, mude o lado pelo qual você sai da cama quando acorda e o ônibus que você pega pra ir trabalhar. Mude a marca do seu café e o seus programas de TV, mude a ordem em que faz as coisas antes de dormir e as pessoas com quem você sai no final de semana. Mude de namorado, de marido, de amante, de amor, de sexo, de posição. Mude o corte do seu cabelo, o tamanho das suas unhas, o seu esmalte, a sua maquiagem e o seu peso. Mude sua hora de dormir e as pessoas com quem conversa. Mude de mesa no escritório, escute outras músicas e frequente outros lugares. Experimente novas comidas e supreenda-se com novas bebidas. Mude o cigarro que você fuma, ou, por que não, parar de fumar? Mude de casa, de bairro, troque o seu carro, faça caminhos diferentes todos os dias para chegar ao mesmo lugar. Troque a operadora do seu celular e a pasta de dentes que você usa. Sinta novos gostos, novos cheiros, viva o inédito. Mude a cor do seu blógue e o seu humor pela manhã. Experimente, quebre a cara, tente outra vez. Faça uma tatuagem, quebre um cartão de crédito, leia outra revista e mude a assinatura do seu jornal, adote um cão e depois um gato, ou talvez, um cão e um gato.

E, algum momento, tem que dar certo.

Diálogo número um


-Qual é o seu sonho?

-São sonhos. Conhecer o mundo, saber de tudo, me casar, etc. E o seu?

-Raspar a cabeça.

-Quer casar comigo?

-Não. Quer raspar minha cabeça?

-Não.

-A gente dá um jeito nisso.

-A gente dá um jeito nisso.

domingo, 1 de novembro de 2009

Devaneios

Na dúvida entre mergulhar na vida ou me esconder embaixo da cama, acabo não fazendo nem um nem outro. Eu não quero arrumar o quarto e nem deixar curar esses machucados. Me sinto bem com a bagunça do lado de fora, ela me faz pensar que algo além de mim também está em desordem. Não sei como é que vim parar aqui. Há tempos grito pelo seu socorro mas você não pode me ouvir. É como se eu estivesse em uma sala de vidro, gritando e te chamando em desespero, mas você não vê. Você está ali, bem na minha frente, mas não me vê gritar porque está olhando para o lado, distraído, vendo a menina ruiva ir embora. O vidro é forte demais e eu não consigo quebrá-lo para poder te abraçar. Por mais que eu bata não adianta, você não ouve som algum, e se encanta com tudo quanto possa existir do lado de fora. Eu poderia domir agora, eu deveria, meu corpo me diz que eu preciso dar descanço ao meu choro. Mas numa teimosia infantil eu não prego os olhos e fico aqui esperando alguma coisa acontecer. A porta se abrir, o telefone tocar, uma luz se apagar, o tempo passar e você não aparecer. Você e seu maravilhoso pênis. Sexo, sujeira, suor, saliva. Eu quero mais. Mais sexo? Sexo sexo sexo. Eu quero mais! Mais sexo? Não, mais do que isso. Mais do quê? Nada. Só mais sexo. Seu rosto está em todo lugar, seu nome está em todo final. Por que é que você me deixa te amar? Me manda logo embora. Não acredito que te supro tão bem as necessidades físicas mesmo. Às vezes acho que você gosta é de outra coisa. Me desculpe, desculpe por ter falado isso, eu sei que não é verdade. Eu quero acreditar que não é verdade, e que mesmo o meu falar desenfreado, porém carinhoso, lhe faz falta quando não está. Como você diz. Mas e se eu for embora? Porque digo, eu estou indo. Não, quer dizer, não agora, mas algum dia hei de ir. E você vai continuar aí dormindo enquanto bolo declarações de amor? Não sou muito acostumada ao amor e confesso que declará-lo sempre me causa certa estranheza, mas tem se tornado cada vez mais inevitável dizer. Eu te amo. Eu pedindo tão pouco e oferecendo tanto. Acho que é natural para quem nunca teve nada. Um dia, dois, três... eles se passam deitados nessa cama e eu já não sei mais se é frio ou calor, se é noite ou dia. As costas doem por causa desse travesseiro de penas de ganso que nunca foi nada do que eu sempre esperei de um travesseiro de penas de ganso. Esses comprimidos que não quero que acabem me tiram o sono e me fazem ranger os dentes. Não me lembro se já tomei todas as doses de hoje, talvez eles também me afetem a memória, mas não quero que acabem. Por via das dúvidas, vou tomar mais uma dose. Eu não ligo mais pro sono, deixa ele não vir. Assim eu tenho mais tempo pra não realizar tudo o que preciso. Começou a trovejar e relampejar lá fora. É o tempo se adequando ao meu sentimento. Queria que você entendesse que seu coração pode bater mesmo tendo sido arrancado do seu peito, não sei mais como te mostrar isso. Acho que vou me esconder embaixo da cama.

domingo, 18 de outubro de 2009

Domingo


"One night you’re begging me to stay
The next night you push me away
I don’t need you’re promising to give it up
Is too late cause now I’m giving up"

aprendi a não acreditar mais nas suas promessas bêbadas.
aprendendo a me curar de você.

meu quarto está bagunçado. meu cabelo, minha cabeça, meu corpo, minha vida.
e eu não preciso de você tornando tudo um pouco pior.

o problema não é você significar algo, é você fazer todas as outras pessoas perderem o significado.

sábado, 26 de setembro de 2009

Mas não me cure do você

"Não é por que eu sei que ele não virá
que eu não veja a porta já se abrindo
E que eu não queira tê-lo,
mesmo que não tenha a mínima lógica esse raciocínio"


Acordo, durmo, olha pra cidade pela janela, fumo um cigarro olhando pro teto, não tiro o pijama, me reviro jogada entre travesseiros e cobertores, coloco uma música triste, choro um bocado, entro na internet, passo por inúmeros sites sem perceber direito o que estou fazendo, me olho no espelho, não arrumo o cabelo, ando de um lado para o outro, caio na cama de novo, ligo a tv pra me fazer companhia. Penso em você. O tempo todo.

E assim mais um sábado vai embora nesse quarto abafado. Todas as coisas que preciso fazer vão ficar pra amanhã. Hoje o medo do futuro me consome por completo e me impede de realizar qualquer coisa.

Você está a um clique e eu não tenho coragem. "Oi!", "Em casa no sábado a noite?". Não adianta, não tenho coragem. Pode ser que você responda que está com sua namorada, pode ser que diga que sofre as tristezas porque ela se foi, pode ser que nem responda. Não tenho coragem. Definitivamente.

Não tenho coragem de te dizer "oi" quando na verdade queria dizer "eu te amo".